domingo, 26 de outubro de 2008

Quando se sabe ...


... sabe-se sempre! Completamente diferente do seu primeiro grande sucesso internacional "A Sombra do Vento", este é um romance mais "negro" mas igualmente bem escrito, magistralmente bem estruturado, que nos remete novamente a Barcelona, aos seus bairros, às suas ruas, à sua arquitectura, desenterrando as memórias do leitor que conhecendo a cidade, não consegue deixar de percorre-la com as personagens, envolvendo-se na história qual sombra que mais do que "ler" a visualiza como se dela fizesse parte.
A atmosfera da intriga é estranha e parece muitas vezes quase absurda, mas lida para lá do seu sentido literal, não deixa de nos fazer pensar nesta dicotomia moral que nos compõe a todos - bom/mau - e de como entre um lado e outro, a linha que os divide é tão ténue e facilmente transponível, que não nos permite rotular o "outro" de uma forma definitiva sem que o façamos de uma forma leviana.
Poder optar é premissa do livre-arbitrio e é este que sustenta a nossa liberdade. E a liberdade traz sempre com ela a responsabilidade traduzida nas consequências de cada acto, de cada palavra, de cada caminho que escolhemos percorrer.
Poder optar é poder mudar de caminho sempre que a consciência o peça - percorremos as nossas ruas internas, os nossos lugares secretos, e lançamos mãos à obra - destruimos uns, reabilitamos e construimos de raiz outros. Restruturamo-nos. Tudo em nome dessa paz interna que todos procuramos, também chamada de felicidade, e que só existe nas mil e uma formas em que o Amor se apresenta.
É a minha leitura ... haverá outras ... e esta é a magnificência da Literatura!
Para quem não conhece este autor podem encontra-lo aqui e aqui.

1 comentário:

Cláudia Abreu Antunes disse...

Aqui por estes lados ja tinha visto que ele tinha esse livrinho...Tenho um dele para ler em espanhol mas esse talvez lhe passe a frente!